Artigo Revista HSM – Construção 2.0: a hora das startups

Artigo de Heinar Maracy  na Revista HSM sobre Inovação e Empreendedorismo na área de Construção!

Construtech

Visto como um setor atrasado no tema da transformação digital, uma nova geração de empresas tenta mudar essa realidade!

“Que você viva em tempos interessantes”, diz a famosa maldição apócrifa atribuída aos chineses. Provavelmente nenhum setor da economia brasileira passa por um momento tão “interessante” quanto o da construção civil. Além de amargar a crise econômica dos últimos tempos, foi também o epicentro da crise política, que paralisou grandes obras de infraestrutura e desestruturou gigantes do setor. Atrasado em sua transformação digital quando comparado a outras indústrias, vê agora a explosão do número de startups querendo catapultar a maneira como construímos moradias dos anos 1950 para o século 21, usando tecnologias como big data, inteligência artificial e impressão 3D. Como se isso fosse pouco, ainda temos uma pandemia estimulando a digitalização de processos e mudando radicalmente o comportamento dos consumidores.

Segundo o relatório “Construção do amanhã – panorama de inovação nos setores imobiliário e de construção no Brasil”, feito pela Deloitte em parceria com o fundo de investimento Terracotta Ventures, apenas 39% das empresas que atuam no setor de construção possuem uma estratégia de inovação definida. Nesse grupo estão incluídas imobiliárias, construtoras, incorporadoras e escritórios de engenharia e arquitetura. Mais de um terço das empresas (36%) não alocam recursos para processos ou iniciativas de inovação, e 75% delas não têm qualquer sistema de recompensa para ideias inovadoras. Das empresas pesquisadas no estudo, somente 22% afirmaram realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento.

O atraso do setor não é exclusividade brasileira. Segundo o relatório da McKinsey “Imagining construction’s digital future” (Imaginando o futuro digital da construção, em tradução livre), o setor de construção civil no mundo, apesar de seu tamanho (um mercado de US$ 13 trilhões) é o penúltimo em digitalização, perdendo apenas para caça e agricultura. O estudo ainda destaca que a produtividade do setor conseguiu declinar nas últimas décadas em algumas áreas. “Temos uma indústria conhecida por construir como os egípcios construíram as pirâmides”, diz André Abucham, CEO da Engeform Engenharia (veja gráfico abaixo).

A explosão das construtechs

O resultado dessa resistência à inovação é que o setor está pronto para ser “disruptado”. Segundo o “Mapa das construtechs” elaborado pela Terracotta, fundo vertical especializado em construção, o crescimento das startups da área cresceu 180% nos últimos quatro anos. De 250 startups em atividade em 2016 saltamos para mais de 700.

“Em 2016, o mercado era tão imaturo e conservador que sequer existia o termo construtech”, diz Bruno Loreto, sócio da Terracotta. “Hoje já há uma quantidade significativa de grandes empresas querendo se associar ou apoiar startups. O surgimento de players de tecnologia que saíram do nada e se tornaram unicórnios vem despertando o interesse das corporações, pela oportunidade ou por medo.”

Apesar do grande número de empresas, o setor ainda está engatinhando. Segundo o mapa, 83% das construtechs no País tem até dez funcionários. Seus maiores desafios são obter financiamento e enfrentar a cultura das empresas tradicionais e a burocracia de seus rígidos processos internos.

“A grande dificuldade das startups é que a maior parte das construtoras e incorporadoras ainda está nas mãos de pessoas com uma mentalidade analógica”, diz Karina Lemos, fundadora da Únika, startup que faz vistorias por meio de uma plataforma online. “Eu trabalho com incorporadoras que não têm essa olhar de inovação e até hoje escuto gente perguntando se fazer o relatório à mão não sai mais barato do que no aplicativo. Já perdi concorrências por causa disso.”

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